Sala 2 – A
- Taiga-chan, o que foi? Você está
pensativa. – perguntou Mio à amiga que olhava fixamente para um lugar, mas seus
pensamentos estando longínquos.
- Aquele menino, amigo do seu amigo,
o Hayate... – respondeu ela.
- O que tem ele?
- H-Há dois anos atrás, e-ele veio
se declarar para mim. – disse Taiga gaguejando.
- Ah!!! Que fofo! – disse Mio
animada, mas parou por um instante, raciocinou e continuou – Mas o que tem de
ruim nisso?
- E-Eu o rejeitei.
- Coitado, mas isso faz parte,
Taiga-chan. Se você não gosta dele...
- O problema não é esse. – disse
Taiga interrompendo Mio – É que eu até que g-gostava dele, só que eu não
conseguia dizer a ele.
- Ué, mas até aí tudo bem, porque...
- Mas ainda não é a parte ruim. –
Taiga interrompeu a amiga mais uma vez.
- Então qual é a parte ruim? –
perguntou Mio já perdendo a paciência.
- D-Depois que eu disse que não
queria ficar com ele, eu acabei gostando dele mais ainda. Só que todas as vezes
que eu o via eu saia correndo. Todas as vezes que ele se aproximava de mim, eu
ficava tão nervosa que jogava tudo o que estava em minhas mãos nele e saia
correndo.
- Poxa, esta é mesmo a parte ruim.
Você nem sequer pedia desculpas?
- N-Não. – disse Taiga envergonhada.
Mio pensou um pouco, fez cara de que
estava bolando um plano até que então disse:
- Tá mais que na cara que seu
problema é a timidez, não se preocupe Taiga-chan, vou ajuda-la com isso.
- O-O que você pretende fazer? –
disse Taiga desconfiada e tensa com a declaração da amiga.
- Você verá no intervalo.
- Ei, o que vocês estão cochichando
tanto, hein? – perguntou Xerxes xeretando a conversa das duas e colocando seus
braços em cima dos ombros das garotas.
- Não é da sua conta, seu palhaço
intrometido. – respondeu Taiga removendo a mão do garoto de seus ombros e com
cara de perversa.
Mio riu e pensou “essa Taiga é
interessante, com os outros ela só falta espancar, enquanto com aquele quem ela
gosta ela morre de vergonha, mas não deixa o seu jeito violento de lado”.
- Não sei porque essa menina me
trata assim, eu sou um amor de pessoa. Você não acha, Mio-chan? – indagou
Xerxes.
- Você não é tão amável assim. –
respondeu Mio que foi para sua mesa.
As palavras de Mio foram que como
uma flecha atravessando o corpo de Xerxes. Até que ele comentou para si mesmo:
- O que há de errado com as garotas
de hoje em dia?
Flores ou Dúvidas?
- Misaki-chan, você parece meio pensativa. – comentou Kahoko
– Os assuntos do Conselho Estudantil estão tomando muito o seu tempo?
- Não, não, Kaho-chan, só estou um pouco... distraída. –
respondeu Misaki e soltou um sorriso.
- Entendi.
As duas ficaram quietas por um instante até o silêncio ser
quebrado pelo lamurio da professora:
- Ah, não. Eu esqueci as flores em cima da minha mesa. –
disse ela lamentando.
- Você quer que eu as pegue, professora? – perguntou Misaki.
- Por favor, Misaki-san.
- Com licença professora, a Misaki-chan parece não estar
muito bem. Posso ir no lugar dela? – perguntou Kahoko.
- Tudo bem então, pode ir Kahoko-san. E quanto a você, Misaki-san,
se sentir que está mal vá à enfermaria.
- Tudo bem professora. – respodeu Misaki que depois olhou
para Kahoko e agradeceu.
Kahoko saiu pela porta, desceu as escadas, passou pelo Grand Room. Chegou até a sala dos professores
e passou a ordem que foi lhe dada à diretoria. Foi autorizada, entrou, pegou as
flores e saiu.
Voltando pelo mesmo caminho, Kahoko viu ninguém mais que seu
companheiro de trabalho, Sebastian Michaelis. Ela ficou confusa pensando se
deveria ou não conversar com ele, já que este não havia notado que ela estudava
na mesma escola.
“Um simples ‘Oi’ basta”, pensou Kahoko. Assim, ao se
aproximar dele, ela treinava a sua apresentação simpática, olhando fixamente
para o rosto dele para ver se ele retribuiria o olhar.
A distância entre os dois diminuía. Ela, com as flores em
mãos, ele, com as mãos no bolso e cabeça baixa. Até que se aproximaram o
suficiente para ela introduzir o cumprimento. Respirou para dizer um simples
“Olá”, mas antes que pudesse sequer emitir algum som, foi cortada por uma voz
baixa, mas objetiva, que vinha do garoto que estava a sua frente, ainda de
cabeça baixa, dizendo:
- Não fale comigo.
Ela simplesmente prendeu a respiração, fixou os olhos no
nada, refletindo no que ele dissera, enquanto ele sequer olhou para ela.
Simplesmente se distanciou de cabeça baixa, da mesma posição que ela o vira
antes e assim continuou, andando e andando.
Talvez ele tivesse sido mandado para a diretoria, seria esse
o caso? Kahoko não sabia se era isso, mas sentiu uma pontada de desapontamento
em seu coração. Imersa em pensamentos e completamente confusa, ela decidiu ir
até a sua sala, onde a professora aguardava as flores.
“Esse garoto é estranho. No trabalho ele conversa comigo
normalmente, mas aqui na escola ele nem sequer olha na minha cara.” Esses
pensamentos rondavam a mente de Kahoko. Até que entrou em sua sala e entregou
as flores para a professora.
- Obrigada, Kahoko-san.
- De nada, professora.
Sentou-se e começou a escrever em um pedaço de papel que
arrancara de seu caderno. Dobrou e deu à Misaki.
Misaki desdobrou o papel e leu o que ali estava escrito:
Misa, encontrei com Sebastian no meio do caminho. Me disse para não falar
com ele. Nem se deu o trabalho de olhar para mim. Será que ele me odeia?
Misaki pegou o lápis, escreveu no verso do papel com tanta
força que ouvia-se o lápis quase estourando, onde a ponta deste esforçava-se
para se manter grudada ao resto do grafite. Amassou o pequeno papel e deu para
Kahoko, ao que desdobrou o mesmo e leu:
É por isso que eu ODEIO esse tipo de garoto. Eles simplesmente brincam
com os sentimentos das meninas. Não se preocupe, vou resolver isso para você.
Kohoko não sabia o que fazer, se aceitava a ajuda da amiga ou
se dizia a ela que não havia necessidade. Mas ela conhecia Misaki melhor do que
ninguém, já que quando esta põe uma ideia na cabeça, é impossível de tira-la,
mas Kahoko não queria que amiga arranjasse problema por sua causa. Só que antes
que pudesse dizer alguma coisa, a professora pediu silêncio e atenção e começou
a explicar a matéria.
Raio de Sol Esverdeado
- Yeah! É disso que eu gosto! – disse
Taiga entusiasmada com a aula de atividade física – Aqui eu posso soltar o meu
tigre interior!
Mio riu com a animação da amiga, mas
ficou meio deslocada quanto ao usar os trajes de atividade física.
- Não se preocupe, Mio-chan, você
está absolutamente fantástica com essas roupas. – Comentou Xerxes, olhando Mio
de baixo para cima.
Não diga uma coisa dessas,
Xerxes-kun. – disse Mio envergonhada.
Xerxes franziu o rosto em desagrado
ao que a garota dissera e então comentou:
- Você é extremamente uma gracinha
quando está com vergonha, mas nesta escola não se deve chamar os garotos de
“-kun”, até porque você não utilizará este termo masculino nos países estrangeiros
em que estudará. Mas isso, aqui, é reservado somente aos homens, quanto às
mulheres você pode chama-las do que quiser.
- Ah, me desculpe, eu não sabia
disso. – disse Mio entristecida.
- Não se preocupe, nós homens
precisamos somente do respeito de nossos próprios nomes. – disse ele apontando
com o “dedão” a si mesmo e sorrindo, glorioso.
- Você não tem o respeito de
ninguém, palhaço. – comentou Taiga.
O sorriso de Xerxes sumiu, então chegou
pertinho de taiga, elevou a mão perto do queixo e disse suavemente e
maleficamente:
- Quem é você para me dizer de
respeito aqui? Já que está por um fio de perder o seu cargo como representante
de turma.
Ela refletiu nessas palavras que
antes lhe traziam preocupação, mas então agarrou o pescoço de Mio com o braço e
disse:
- Ela é a minha salvação.
Xerxes se aproximou de Mio,
observou-a, raciocinou e disse:
- Você deveria tomar cuidado com
ela. – ele levantou as mãos perto do rosto e chacoalhou-as. – Ela é maluca.
Taiga o esbofeteou e, apertando os
seus punhos, disse:
- Quem é maluca aqui, rapaz?
O
professor chamou a atenção de todos e então começou a dizer:
- Alunos! Hoje teremos um convidado
da classe 3-B, ele é novo por aqui. Seu nome é Ukyo. Ele foi o melhor aluno de
esportes na escola em que estudava. Hoje vocês aprenderão muito com ele.
- Ei, Mio-chan, esse não é aquele
garoto que você comentou hoje mais cedo? – perguntou Taiga.
- Sim, é ele mesmo. – respondeu Mio.
- Muito prazer em conhecê-los. –
disse Ukyo que, a seguir, olhou para Mio com um leve sorriso.
Ela percebeu o olhar e, por causa da
roupa que usava, ficou com vergonha. Mas o motivo da sua vergonha também foi
porque hoje ele estava mais bonito do que antes. Com os trajes também
atléticos, delineando seus traços e seu cabelo preso, com alguns fios soltos,
reluzentes ao sol, o raio de sol esverdeado.
Enrascada das grandes!
Após uma larga explicação da
professora de biologia sobre as plantas e flores, finalmente tocou o sinal do
intervalo.
- Misaki-chan, por favor. Deixa que
eu resolva o assunto do Sebastian. – disse Kahoko, preocupada com a amiga.
- Mas, Kaho-chan, o comportamento
dele não é aceitável. Tratar você assim, sendo que você não fez nada, é
inaceitável!
- Eu sei, Misa-chan, mas deixe que
eu mesma o puna por isso.
- Você mesma? – disse Misaki
surpresa.
- Sim, como eu trabalho com ele, vou
enchê-lo de reclamações.
Misaki parou por um instante,
avaliando a proposta então disse:
- Tá, mas só porque você que vai dar
a lição que ele merece. Se não fosse por isso eu iria espancá-lo. – disse
Misaki apertando os punhos.
- Não se preocupe, Misa-chan. Vamos
lanchar juntas.
Então desceram as escadas
conversando. Chegaram ao Grand Room
onde procuravam um lugar para se sentar.
Misaki avistou Sebastian ao longe,
fechou os punhos e deu um passo em direção a ele, mas Kahoko percebeu a
intenção da amiga e disse:
- Calma, Misa-chan, ele vai ter o
que merece.
Misaki parou e finalmente desistiu
da ideia de encarar o menino. Voltaram à atenção novamente de encontrar um
lugar para se sentar até que acharam um. Sentaram-se e abriram seu almoço.
- Misaki-chan, que delícia! – disse
Xerxes se apoiando nas costas de Misaki com os braços em cima dos ombros dela,
um deles descendo em curva e o outro pegando um onigiri do pote dela.
- Xerxes, se eu fosse você não faria
isso. – alertou Kahoko – Hoje a Misa-chan não está muito bem.
Xerxes arregalou os olhos,
preocupado, largou o onigiri e puxou o queixo de Misaki para o seu e então
perguntou:
- O que você tem, Misa-chan? Está com
febre? Sentindo dor?
Misaki olhou para ele, fechou os
olhos, em seguida abriu-os rápido, era um olhar violento, e disse:
- Tenho raiva!
Então deu um murro em Xerxes que,
rodopiando pelo chão, foi parar no outro extremo do Grand Room.
- Mas que gracinha. – disse Xerxes –
Misaki-neko-chan.
- Misa-chan, não precisava tê-lo
agredido assim. – disse Kahoko – Ele só estava preocupado com você.
- Ele tentou pegar meu onigiri sem
permissão, já é motivo suficiente.
Então Kahoko pensou “Misa-chan está
mortal hoje”.
As duas então passaram a comer.
Ao fundo se aproximava alguém, com uma má intenção estampada
em seu semblante. Foi direto na direção de Misaki. Sim, era Raito. Por fim,
passou por ela e disse, bem baixinho, para que só ela ouvisse:
- Sua roupa de trabalho é uma
gracinha. – e saiu.
Misaki levantou-se da cadeira e
comentou para Kahoko:
- Eu não aguento mais isso!
Então se virou e preparou para dar
um soco fortíssimo nas costas de Raito que se desviou e agora a encarava frente
a frente.
- Então falar sobre o seu trabalho
te enfurece, não é? – comentou Raito, esnobando de Misaki.
- Cale a sua maldita boca, infeliz!
– então lançou uma série de socos e golpes que foram todos bloqueados ou
desviados por Raito.
- Sabe, eu até que te achei atraente
naquela roupinha. Quem sabe eu até visite seu trabalho somente para vê-la. –
continuou Raito a provoca-la.
- Quantas vezes eu vou precisar
falar para você se calar?! – gritou Misaki, de modo que até os alunos que
estavam ao fundo puderam notar a briga. Ela continuou lançando golpes, mas ele
se desviava de todos.
Ao fundo, Xerxes ouvira a voz de
Misaki, então correu para ver o que estava acontecendo. Assim que entendeu a
situação, se esforçou para furar o bloqueio da multidão para ajudar Misaki, mas
foi impedido por Hayate que disse:
- É melhor você não se envolver.
Na briga, Misaki gritou mais uma
vez:
- Não me subestime, maldito! Eu vou
te acertar!
Raito deu uma gargalhada, então
agiu. Pegou Misaki e prendeu-a contra a parede, segurando seus dois braços e
aproximou-se do seu rosto e disse:
- Você é interessante.
Misaki praguejou e respondeu:
- Você não me conhece.
Então, ouviu-se a voz do presidente do
conselho estudantil, Azuma Yunoki, dizer:
- Vocês dois, me acompanhem até a
sala do diretor.
- Yunoki-kaichou? – disse Misaki
tristemente envergonhada. – Olha, foi ele...
- Que decepção, Misaki-san. –
interrompeu Yunoki com um olhar de reprovação.
- Desculpe.
Então os três se dirigiram a sala do
diretor. Misaki de cabeça baixa e olhos entristecidos. O que aconteceria lá,
então?
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