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sábado, 13 de julho de 2013

03 – Ops! Mas que enrascada!




Sala 2 – A

            - Taiga-chan, o que foi? Você está pensativa. – perguntou Mio à amiga que olhava fixamente para um lugar, mas seus pensamentos estando longínquos.
            - Aquele menino, amigo do seu amigo, o Hayate... – respondeu ela.
            - O que tem ele?
            - H-Há dois anos atrás, e-ele veio se declarar para mim. – disse Taiga gaguejando.
            - Ah!!! Que fofo! – disse Mio animada, mas parou por um instante, raciocinou e continuou – Mas o que tem de ruim nisso?
            - E-Eu o rejeitei.
            - Coitado, mas isso faz parte, Taiga-chan. Se você não gosta dele...
            - O problema não é esse. – disse Taiga interrompendo Mio – É que eu até que g-gostava dele, só que eu não conseguia dizer a ele.
            - Ué, mas até aí tudo bem, porque...
            - Mas ainda não é a parte ruim. – Taiga interrompeu a amiga mais uma vez.
            - Então qual é a parte ruim? – perguntou Mio já perdendo a paciência.
            - D-Depois que eu disse que não queria ficar com ele, eu acabei gostando dele mais ainda. Só que todas as vezes que eu o via eu saia correndo. Todas as vezes que ele se aproximava de mim, eu ficava tão nervosa que jogava tudo o que estava em minhas mãos nele e saia correndo.



            - Poxa, esta é mesmo a parte ruim. Você nem sequer pedia desculpas?
            - N-Não. – disse Taiga envergonhada.
            Mio pensou um pouco, fez cara de que estava bolando um plano até que então disse:
            - Tá mais que na cara que seu problema é a timidez, não se preocupe Taiga-chan, vou ajuda-la com isso.
            - O-O que você pretende fazer? – disse Taiga desconfiada e tensa com a declaração da amiga.
            - Você verá no intervalo.
            - Ei, o que vocês estão cochichando tanto, hein? – perguntou Xerxes xeretando a conversa das duas e colocando seus braços em cima dos ombros das garotas.
            - Não é da sua conta, seu palhaço intrometido. – respondeu Taiga removendo a mão do garoto de seus ombros e com cara de perversa.
            Mio riu e pensou “essa Taiga é interessante, com os outros ela só falta espancar, enquanto com aquele quem ela gosta ela morre de vergonha, mas não deixa o seu jeito violento de lado”.
            - Não sei porque essa menina me trata assim, eu sou um amor de pessoa. Você não acha, Mio-chan? – indagou Xerxes.
            - Você não é tão amável assim. – respondeu Mio que foi para sua mesa.
            As palavras de Mio foram que como uma flecha atravessando o corpo de Xerxes. Até que ele comentou para si mesmo:
            - O que há de errado com as garotas de hoje em dia?


Flores ou Dúvidas?

- Misaki-chan, você parece meio pensativa. – comentou Kahoko – Os assuntos do Conselho Estudantil estão tomando muito o seu tempo?
- Não, não, Kaho-chan, só estou um pouco... distraída. – respondeu Misaki e soltou um sorriso.
- Entendi.
As duas ficaram quietas por um instante até o silêncio ser quebrado pelo lamurio da professora:
- Ah, não. Eu esqueci as flores em cima da minha mesa. – disse ela lamentando.
- Você quer que eu as pegue, professora? – perguntou Misaki.
- Por favor, Misaki-san.
- Com licença professora, a Misaki-chan parece não estar muito bem. Posso ir no lugar dela? – perguntou Kahoko.
- Tudo bem então, pode ir Kahoko-san. E quanto a você, Misaki-san, se sentir que está mal vá à enfermaria.
- Tudo bem professora. – respodeu Misaki que depois olhou para Kahoko e agradeceu.
Kahoko saiu pela porta, desceu as escadas, passou pelo Grand Room. Chegou até a sala dos professores e passou a ordem que foi lhe dada à diretoria. Foi autorizada, entrou, pegou as flores e saiu.
Voltando pelo mesmo caminho, Kahoko viu ninguém mais que seu companheiro de trabalho, Sebastian Michaelis. Ela ficou confusa pensando se deveria ou não conversar com ele, já que este não havia notado que ela estudava na mesma escola.
“Um simples ‘Oi’ basta”, pensou Kahoko. Assim, ao se aproximar dele, ela treinava a sua apresentação simpática, olhando fixamente para o rosto dele para ver se ele retribuiria o olhar.
A distância entre os dois diminuía. Ela, com as flores em mãos, ele, com as mãos no bolso e cabeça baixa. Até que se aproximaram o suficiente para ela introduzir o cumprimento. Respirou para dizer um simples “Olá”, mas antes que pudesse sequer emitir algum som, foi cortada por uma voz baixa, mas objetiva, que vinha do garoto que estava a sua frente, ainda de cabeça baixa, dizendo:
- Não fale comigo.



Ela simplesmente prendeu a respiração, fixou os olhos no nada, refletindo no que ele dissera, enquanto ele sequer olhou para ela. Simplesmente se distanciou de cabeça baixa, da mesma posição que ela o vira antes e assim continuou, andando e andando.
Talvez ele tivesse sido mandado para a diretoria, seria esse o caso? Kahoko não sabia se era isso, mas sentiu uma pontada de desapontamento em seu coração. Imersa em pensamentos e completamente confusa, ela decidiu ir até a sua sala, onde a professora aguardava as flores.
“Esse garoto é estranho. No trabalho ele conversa comigo normalmente, mas aqui na escola ele nem sequer olha na minha cara.” Esses pensamentos rondavam a mente de Kahoko. Até que entrou em sua sala e entregou as flores para a professora.
- Obrigada, Kahoko-san.
- De nada, professora.
Sentou-se e começou a escrever em um pedaço de papel que arrancara de seu caderno. Dobrou e deu à Misaki.
Misaki desdobrou o papel e leu o que ali estava escrito:

Misa, encontrei com Sebastian no meio do caminho. Me disse para não falar com ele. Nem se deu o trabalho de olhar para mim. Será que ele me odeia?

Misaki pegou o lápis, escreveu no verso do papel com tanta força que ouvia-se o lápis quase estourando, onde a ponta deste esforçava-se para se manter grudada ao resto do grafite. Amassou o pequeno papel e deu para Kahoko, ao que desdobrou o mesmo e leu:

É por isso que eu ODEIO esse tipo de garoto. Eles simplesmente brincam com os sentimentos das meninas. Não se preocupe, vou resolver isso para você.

Kohoko não sabia o que fazer, se aceitava a ajuda da amiga ou se dizia a ela que não havia necessidade. Mas ela conhecia Misaki melhor do que ninguém, já que quando esta põe uma ideia na cabeça, é impossível de tira-la, mas Kahoko não queria que amiga arranjasse problema por sua causa. Só que antes que pudesse dizer alguma coisa, a professora pediu silêncio e atenção e começou a explicar a matéria.


Raio de Sol Esverdeado

            - Yeah! É disso que eu gosto! – disse Taiga entusiasmada com a aula de atividade física – Aqui eu posso soltar o meu tigre interior!
            Mio riu com a animação da amiga, mas ficou meio deslocada quanto ao usar os trajes de atividade física.
            - Não se preocupe, Mio-chan, você está absolutamente fantástica com essas roupas. – Comentou Xerxes, olhando Mio de baixo para cima.
            Não diga uma coisa dessas, Xerxes-kun. – disse Mio envergonhada.
            Xerxes franziu o rosto em desagrado ao que a garota dissera e então comentou:
            - Você é extremamente uma gracinha quando está com vergonha, mas nesta escola não se deve chamar os garotos de “-kun”, até porque você não utilizará este termo masculino nos países estrangeiros em que estudará. Mas isso, aqui, é reservado somente aos homens, quanto às mulheres você pode chama-las do que quiser.
            - Ah, me desculpe, eu não sabia disso. – disse Mio entristecida.
            - Não se preocupe, nós homens precisamos somente do respeito de nossos próprios nomes. – disse ele apontando com o “dedão” a si mesmo e sorrindo, glorioso.
            - Você não tem o respeito de ninguém, palhaço. – comentou Taiga.
            O sorriso de Xerxes sumiu, então chegou pertinho de taiga, elevou a mão perto do queixo e disse suavemente e maleficamente:
            - Quem é você para me dizer de respeito aqui? Já que está por um fio de perder o seu cargo como representante de turma.
            Ela refletiu nessas palavras que antes lhe traziam preocupação, mas então agarrou o pescoço de Mio com o braço e disse:
            - Ela é a minha salvação.
            Xerxes se aproximou de Mio, observou-a, raciocinou e disse:
            - Você deveria tomar cuidado com ela. – ele levantou as mãos perto do rosto e chacoalhou-as. – Ela é maluca.
            Taiga o esbofeteou e, apertando os seus punhos, disse:
            - Quem é maluca aqui, rapaz?
            O professor chamou a atenção de todos e então começou a dizer:
            - Alunos! Hoje teremos um convidado da classe 3-B, ele é novo por aqui. Seu nome é Ukyo. Ele foi o melhor aluno de esportes na escola em que estudava. Hoje vocês aprenderão muito com ele.
            - Ei, Mio-chan, esse não é aquele garoto que você comentou hoje mais cedo? – perguntou Taiga.
            - Sim, é ele mesmo. – respondeu Mio.
            - Muito prazer em conhecê-los. – disse Ukyo que, a seguir, olhou para Mio com um leve sorriso.



            Ela percebeu o olhar e, por causa da roupa que usava, ficou com vergonha. Mas o motivo da sua vergonha também foi porque hoje ele estava mais bonito do que antes. Com os trajes também atléticos, delineando seus traços e seu cabelo preso, com alguns fios soltos, reluzentes ao sol, o raio de sol esverdeado.


Enrascada das grandes!

            Após uma larga explicação da professora de biologia sobre as plantas e flores, finalmente tocou o sinal do intervalo.
            - Misaki-chan, por favor. Deixa que eu resolva o assunto do Sebastian. – disse Kahoko, preocupada com a amiga.
            - Mas, Kaho-chan, o comportamento dele não é aceitável. Tratar você assim, sendo que você não fez nada, é inaceitável!
            - Eu sei, Misa-chan, mas deixe que eu mesma o puna por isso.
            - Você mesma? – disse Misaki surpresa.
            - Sim, como eu trabalho com ele, vou enchê-lo de reclamações.
            Misaki parou por um instante, avaliando a proposta então disse:
            - Tá, mas só porque você que vai dar a lição que ele merece. Se não fosse por isso eu iria espancá-lo. – disse Misaki apertando os punhos.
            - Não se preocupe, Misa-chan. Vamos lanchar juntas.
            Então desceram as escadas conversando. Chegaram ao Grand Room onde procuravam um lugar para se sentar.
            Misaki avistou Sebastian ao longe, fechou os punhos e deu um passo em direção a ele, mas Kahoko percebeu a intenção da amiga e disse:
            - Calma, Misa-chan, ele vai ter o que merece.
            Misaki parou e finalmente desistiu da ideia de encarar o menino. Voltaram à atenção novamente de encontrar um lugar para se sentar até que acharam um. Sentaram-se e abriram seu almoço.
            - Misaki-chan, que delícia! – disse Xerxes se apoiando nas costas de Misaki com os braços em cima dos ombros dela, um deles descendo em curva e o outro pegando um onigiri do pote dela.



            - Xerxes, se eu fosse você não faria isso. – alertou Kahoko – Hoje a Misa-chan não está muito bem.
            Xerxes arregalou os olhos, preocupado, largou o onigiri e puxou o queixo de Misaki para o seu e então perguntou:
            - O que você tem, Misa-chan? Está com febre? Sentindo dor?
            Misaki olhou para ele, fechou os olhos, em seguida abriu-os rápido, era um olhar violento, e disse:
            - Tenho raiva!
            Então deu um murro em Xerxes que, rodopiando pelo chão, foi parar no outro extremo do Grand Room.
            - Mas que gracinha. – disse Xerxes – Misaki-neko-chan.

            - Misa-chan, não precisava tê-lo agredido assim. – disse Kahoko – Ele só estava preocupado com você.
            - Ele tentou pegar meu onigiri sem permissão, já é motivo suficiente.
            Então Kahoko pensou “Misa-chan está mortal hoje”.
            As duas então passaram a comer.
Ao fundo se aproximava alguém, com uma má intenção estampada em seu semblante. Foi direto na direção de Misaki. Sim, era Raito. Por fim, passou por ela e disse, bem baixinho, para que só ela ouvisse:
            - Sua roupa de trabalho é uma gracinha. – e saiu.
            Misaki levantou-se da cadeira e comentou para Kahoko:
            - Eu não aguento mais isso!
            Então se virou e preparou para dar um soco fortíssimo nas costas de Raito que se desviou e agora a encarava frente a frente.
            - Então falar sobre o seu trabalho te enfurece, não é? – comentou Raito, esnobando de Misaki.
            - Cale a sua maldita boca, infeliz! – então lançou uma série de socos e golpes que foram todos bloqueados ou desviados por Raito.
            - Sabe, eu até que te achei atraente naquela roupinha. Quem sabe eu até visite seu trabalho somente para vê-la. – continuou Raito a provoca-la.
            - Quantas vezes eu vou precisar falar para você se calar?! – gritou Misaki, de modo que até os alunos que estavam ao fundo puderam notar a briga. Ela continuou lançando golpes, mas ele se desviava de todos.
            Ao fundo, Xerxes ouvira a voz de Misaki, então correu para ver o que estava acontecendo. Assim que entendeu a situação, se esforçou para furar o bloqueio da multidão para ajudar Misaki, mas foi impedido por Hayate que disse:
            - É melhor você não se envolver.
            Na briga, Misaki gritou mais uma vez:
            - Não me subestime, maldito! Eu vou te acertar!
            Raito deu uma gargalhada, então agiu. Pegou Misaki e prendeu-a contra a parede, segurando seus dois braços e aproximou-se do seu rosto e disse:
            - Você é interessante.



            Misaki praguejou e respondeu:
            - Você não me conhece.
            Então, ouviu-se a voz do presidente do conselho estudantil, Azuma Yunoki, dizer:
            - Vocês dois, me acompanhem até a sala do diretor.
            - Yunoki-kaichou? – disse Misaki tristemente envergonhada. – Olha, foi ele...
            - Que decepção, Misaki-san. – interrompeu Yunoki com um olhar de reprovação.
            - Desculpe.

            Então os três se dirigiram a sala do diretor. Misaki de cabeça baixa e olhos entristecidos. O que aconteceria lá, então?



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